domingo, 2 de junho de 2019

O Projeto  Pushê Shãwã depois de 9 anos pensado.
Hoje já temos o emil: pusheshawa@gmail.com
o Facebook: Pushê Shãwã
que descrevem um pouco dessa tragétória, mas o mais complexo mesmo foi o Vixay Nukê Projeto Pushê Shãwã, nela vc estará por dentro de tudo no projeto.


quinta-feira, 2 de junho de 2016

Trabalho que a Associação vem acompanhando.

Vem trabalhando na operação associativista da Organização SHAWANAWA
Vem também acompanhando o tralho da OPIRJ com o apoio De seu Vice Coordenador
Vem acompanhando projetos que estão sendo aplicado e planejado no Estado e Território do Vale do Juruá para os PovosIndígenas no Acre/ Brasil e mundial.
VEM TAMBÉM FAZENDO ARTICULAÇÃO DE SEU MAIOR SONHO : O PROJETO PÊSHÊ SHAWÃ.  OU centro Shawanawa., como publicou o diário oficial do MINC em 2010, O liderança José Wandres Lima da Silva Shawanawa /Hundu Shawã.  Entrogou uma carta de recomendação em mais do Ministro Juca Ferreira,  quando vez visita ao município de Marechal Thaumaturgo Ac, em 2010. O projeto também foi encaminhado ao Ministério da Educação.  Via on-line. Hoje retomamos com a FUNAI de Brasília.




terça-feira, 2 de abril de 2013

Projeto Político Pedagógico das escolas Shãwanawa/Jaminawa Arara


Projeto Político Pedagógico das Escola
Jaminawa Arara/ Shãwanawa

Escola Shãwanawa
Ensino Fundamental

Terra Indígena Jaminawa Arara do Rio Bagé
Fevereiro de 2010


1
                                                         
Projeto Político Pedagógico das Escolas
shãwanawa/Arara, da terra Indígena JAMINAWA ARARA do Rio Bagé.

Introdução
Justificativa e base legal
Para nós, povos indígenas, a Constituição Federal Brasileira de 1988 é
uma importante conquista política, pois ela reconhece nossa cultura própria e o
direito ao nosso território tradicional. Antes, a política do governo para nós,
povos indígenas, era de que abandonássemos a nossa cultura e o nosso modo de
vida. A partir desta Constituição, as diferenças culturais e lingüísticas dentro do
território brasileiro passaram a ter sua existência garantida por lei:
“(...) são reconhecidos aos índios a sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens.”
Na questão das escolas indígenas, o Artigo 210 desta Constituição garante
aos povos indígenas, “o uso de suas línguas maternas e processos próprios de
aprendizagem” (MEC, 1998: 32) 1.
Em 1996, o governo brasileiro faz com que os nossos direitos
conquistados na Constituição sejam também garantidos na educação escolar
indígena, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No Artigo
79 desta Lei estão os objetivos que deverão orientar os nossos programas de
formação escolar:

1
 MEC – Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para as Escolas
Indígenas. Brasília, 1998


2
                                                         
“1º - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de cada
comunidade indígena;
2º - manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à
educação escolar nas comunidades indígenas;
3º - desenvolver currículos e programas específicos, neles incluindo os
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades;
4º - elaborar e publicar sistematicamente material didático específico e
diferenciado.”
 Assim, nós, povos indígenas, podemos pensar a nossa educação e
construir os nossos próprios projetos políticos pedagógicos, porque isso é
garantido na lei.

Parte 1 – Projeto Político Pedagógico
1.1.  Objetivos gerais da Escola Jaminawa Arara/Shãwanawa
Para nós, professores e lideranças Shãwanawa das tr§es comunidades e uma aldeia do rio Bagé, a
Escola Shãwanawa deve trazer para as nossas comunidades os conhecimentos
necessários para a defesa dos nossos direitos e de nosso território. Deve valorizar
os saberes tradicionais na formação escolar de nossas crianças e jovens.
Nós, professores e lideranças Shãwanawa, queremos uma escola que, através
do diálogo entre nossos conhecimentos e os conhecimentos dos nawa (não-
índígenas), fortaleça a nossa autonomia política, a autonomia do nosso povo para
pensar o nosso futuro.
Por isso, a Escola Shãwanawa tem como objetivos gerais permitir aos alunos:
- aprender a ler e a escrever na língua Shãwanawa;

2
 Aldeias Sirqueira, e comunidades: Bom Futuro, Buritizal, , São Sebastião, Destas, apenas uma possuem
escola atualmente.


3
- conhecer os nossos direitos garantidos pelas leis dos nawa (não-
indígenas);
- aprender a se comunicar bem na língua portuguesa, tanto na fala
como na escrita;
- aprender os bons conhecimentos dos nawa;
- conhecer o modo de vida e o mundo dos nawa;
- aprender sobre as políticas dos nawa sobre a saúde, educação, terra
e outras questões importantes para nós, povos indígenas;
- conhecer as ameaças sobre o nosso território;
- conhecer as ameaças sobre o nosso modo de vida e a nossa saúde;
- Revitalizar e valorizar os conhecimentos, costumes e tradições do povo Shãwanawa.
Nós queremos desenvolver uma educação que valorize o nosso modo de
vida e de pensamento, bem como a herança cultural do nosso povo, mas que
considere também as nossas necessidades atuais.
Para atingir estes objetivos, a Escola precisa:
1- Contar com professores shãwanawa bem formados e preparados.
2- Contar com uma assessoria de especialistas não-indígenas de
diferentes áreas do conhecimento (lingüistas, antropólogos, geógrafos,
matemáticos, biólogos, pedagogos, etc.).
3- Contar com uma assessoria de especialistas ou sábios Shãwanawa que
possa apoiar os professores e alunos a aprofundar o conhecimento sobre os
nossos saberes tradicionais.
4- Incentivar e implementar linhas de pesquisas a serem desenvolvidas
por os, professores Shãwanawa, e por nossos alunos, sobre diferentes aspectos de
nossa herança cultural.



4
1.2. Áreas de conhecimento
Os conteúdos de nossa Escola serão organizados em três áreas de
conhecimento, respeitando as diferentes formas de se pensar a realidade: Estudos
da Matemática, Estudos da Linguagem e Estudos da Sociedade e Natureza.
Os Estudos da Matemática estão orientados para estimular o pensamento
e raciocínio lógico e suas aplicações na vida prática, na resolução de problemas
cotidianos impostos pela situação de contato. Nesta área de conhecimento,
espera-se que os alunos possam lidar com o sistema monetário brasileiro (uso do
dinheiro, trocas comerciais, etc.); com os sistemas de medidas de comprimento
(distância e tamanho), de área (espaço), de capacidade (litro) e de massa (peso)
usados pelos nawa; e com a resolução de problemas práticos que o cálculo
matemático proporciona.
Mas espera-se também que, através das linhas de pesquisa e da observação
participante, os alunos possam reforçar os conhecimentos tradicionais sobre a
nossa matemática. A matemática shãwanawa está presente no nosso cotidiano, em
muitas atividades tradicionais, como a construção de malocas e de casas, a
confecção de artesanatos, a pintura corporal (kene), entre outras. Acreditamos
que a melhor forma de trabalhar estes conhecimentos é através da pesquisa dos
alunos, diretamente com os maiores conhecedores dessa matemática.
Nos Estudos da Linguagem, os alunos irão aprender a se expressar na
língua materna, em sua forma oral e escrita, bem como a escrita da língua
portuguesa. Esse aprendizado está orientado para proporcionar aos alunos a
compreensão e reflexão sobre a estrutura das línguas em questão, e também que
tenham a consciência da diversidade lingüística do nosso país e do mundo. Serão
tratadas diversas formas de linguagem e comunicação: a fala, a escrita e o
desenho, os grafismos alfabéticos (as letras), os grafismos tradicionais indígenas
(pintura corporal, padrões de cestaria, iconografia ritual e religiosa), a linguagem
áudio-visual (fotografia, filmes, cantos), etc.


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Nos Estudos da Sociedade e Natureza, uma área transdisciplinar, os
alunos vão conhecer as diferentes concepções de mundo que caracterizam a
diversidade cultural e a especificidade do pensamento de cada povo.
Nesta área de conhecimento não consideramos a separação entre
“natureza” e “sociedade” (ou “natureza” e “cultura”, “natureza” e “humanidade”,
etc.), como faz o pensamento ocidental, dos nawa. Para nós, não existe essa
descontinuidade entre “natureza” e “sociedade”, que nós consideramos de forma
integrada. Humanos e não-humanos relacionam-se entre si. Por exemplo, alguns
animais e plantas são como os homens, dotados de cultura e de organização
social.
Respeitando a especificidade de nossas concepções de mundo, os Estudos
da Sociedade e Natureza procuram contemplar os conteúdos das matérias do
Ensino Fundamental não-indígena que tratam dos homens, suas sociedades e o
meio ambiente. Mas de forma que esses conteúdos não estejam separados nestas
divisões disciplinares (Ciências, Geografia, História) que não fazem sentido
dentro de nosso pensamento.
Deste modo, esta área envolve o estudo do espaço geográfico, suas
paisagens, os seres que o habitam e as transformações ao longo do tempo.
Envolve a reflexão sobre a história do nosso povo e a construção do nosso
território; os processos de ocupação e de pressão sobre esse território; a reflexão
sobre as nossas políticas de relacionamento com a sociedade nacional e também
a política indigenista do governo, bem como a discussão das problemáticas
sociais e ambientais atuais.

1.3. Participação da comunidade e controle social
A comunidade deve participar de todo o trabalho da escola,
acompanhando o seu funcionamento e garantindo uma educação escolar
diferenciada, específica, bilíngüe e intercultural de fato, que represente o
pensamento da comunidade. Por isso,


6
- a comunidade deve escolher bem o professor, e essa escolha deve ser
respeitada por todos;
- a escola deve funcionar nas aldeias, para que as crianças e jovens
não saiam de suas comunidades para estudar na cidade;
- a escola não pode atrapalhar o convívio na aldeia, nosso modo de
vida e as formas tradicionais de aprendizagem;
- a comunidade deve ajudar o professor a cuidar do espaço da escola;
- a comunidade deverá realizar o controle dos dias letivos, através de
uma tabela afixada na parede da escola, de acordo com o que está definido
no item “calendário escolar” deste projeto.
Com esse objetivo, serão realizadas reuniões com a comunidade três
vezes por período letivo (aos cinqüenta, cem e cento e sessenta dias de aulas
cumpridos, respectivamente), e sempre que as lideranças acharem necessário.
Os professores também podem solicitar a realização de reuniões extraordinárias,
sempre que considerarem necessário.
- Devem participar destas reuniões as lideranças, os pais dos alunos,
os velhos, os alunos e outras pessoas da comunidade que tenham interesse.
- A opinião dos mais velhos deve ser respeitada, porque eles são os que
mais sabem sobre os conhecimentos tradicionais do nosso povo e também
aqueles que orientam nossa política.
Estas reuniões são um importante instrumento de participação e controle
social da comunidade em relação à escola, mas não o único, porque no convívio
social nas aldeias há outros espaços para isso. Todas as formas de participação
legítima da comunidade, através de suas famílias e lideranças, serão asseguradas
neste processo de condução da escola.




7
1.4. O papel do professor e suas responsabilidades
Como professores, temos um importante papel como tradutores (em um
sentido amplo) de diferentes saberes: o saber tradicional da comunidade e os
saberes não-indígenas reivindicados por ela, para que estejamos preparados para
enfrentar os desafios surgidos nas relações de nosso povo com a sociedade
nacional. Nesse sentido, o professor shãwanawa deve:
- trabalhar como pesquisador, envolvendo o pessoal de sua
comunidade no seu trabalho;
- reunir sempre o pessoal de sua comunidade, mantendo o diálogo
com os pais dos alunos e as lideranças;
- manter a sua comunidade informada sobre as políticas e decisões dos
órgãos do governo sobre a educação indígena em geral e sobre a sua escola
em particular;
- cumprir com o combinado com a comunidade sobre os assuntos da
escola;
- manter a escola em funcionamento;
- cumprir com os dias letivos conforme o estabelecido neste Projeto
Político Pedagógico e combinado com a comunidade;
- cuidar do espaço da escola com a ajuda da comunidade;
- manter a comunidade informada quando for fazer outras atividades
(caçar, participar de reuniões, visitar parentes em outras aldeias, etc.);
- representar os interesses de sua comunidade junto aos órgãos
competentes (MEC, SEDUC, SEMED, FUNAI), cobrando a implementação
de uma educação escolar indígena de qualidade, observando os direitos
assegurados aos povos indígenas.
- ser o principal assessor das lideranças tradicionais na definição da
política escolar para o nosso povo, tanto na sua prática escolar cotidiana,
- Articular a construção de escolas tradicionais junto aos orgãos educacionais e aos governos federal e estadual.
- Elaborar um projeto contínuo para a educação de nosso povo com base neste PPP.


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quanto na participação, junto aos órgãos públicos, da elaboração das
políticas governamentais.
- avaliar a quantidade e qualidade da merenda e do material escolar
recebido pelos órgãos de governo e propor, junto com o Conselho de
Professores Shãwanawa do rio Bagé, novos programas para melhorar esses
problemas;
- elaborar materiais didáticos junto com os demais professores
Shãwanawa.

1.5. Postura metodológica
Todo o trabalho do professor deverá ser orientado pelas formas
tradicionais de transmissão do conhecimento. Nas comunidades indígenas, cada
família educa seu filho em casa, na roça, na floresta. Como membro da
comunidade, o professor indígena conhece bem os seus alunos desde o
nascimento, e tem com eles relações de parentesco. Essa relação próxima entre
eles e a forma tradicional da transmissão de conhecimentos orientam a
metodologia de ensino do professor, que irá elaborá-la na prática educativa
cotidiana.
A pesquisa tem um papel importante na formação dos alunos e professores
indígenas. O professor deverá desenvolver seu potencial como pesquisador
dos saberes tradicionais de sua própria cultura, e transmiti-los aos alunos
juntamente com os conhecimentos não-indígenas, integrando a escola ao
espaço social da aldeia. Os alunos também devem ser formados como
pesquisadores, para que não apenas recebam, mas produzam conhecimento.





9
1.6. Processos de avaliação
A avaliação se dará de forma continuada, ao longo de todo o período
letivo.
 O professor terá uma ficha correspondente a cada aluno, onde serão
guardados todos os trabalhos feitos ao longo do ano e também anotações sobre a
participação, o interesse e o desempenho daquele aluno. Desta forma, o aluno
será avaliado através da observação do professor, e não pelo sistema de
prova/nota, que não tem funcionado em nossas escolas.
Ao final de cada etapa, cada aluno receberá um conceito (O – ótimo; B –
bom; R – regular; I – insuficiente ou poderar ser apresentado com desenhos de animais através de nossa designação) de acordo com a avaliação continuada
realizada através das fichas dos alunos e das anotações no Diário de Classe do
professor.
 O Diário de Classe utilizado atualmente é o mesmo das escolas da cidade,
de difícil compreensão para a maioria de nós e inadequado para auxiliar o
trabalho do professor. Acreditamos que o Diário de Classe deve ser um
instrumento que nos ajude a registrar o nosso trabalho, a avaliar os alunos e a
nossa atuação como professores. O modelo atual não tem proporcionado essa
importante reflexão. Por isso elaboramos o nosso próprio Diário de Classe, que
segue abaixo:

Diário de Classe
Data: ___/___/______
Horário: ____________________
Turma: ____________________

Área de Conhecimento:______________________________________________
Conteúdo:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Observações:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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O Diário de Classe será acompanhado de uma folha de freqüência, que
servirá para ajudar o professor a ter um controle sobre a presença dos alunos nas
aulas. Mas a finalidade desta lista é apenas de ajudar o professor a avaliar a
participação dos alunos, sem a finalidade de reprovação, como ocorre com o
modelo dos nawa utilizado atualmente. O professor irá marcar um X a cada aula
em sala em que o aluno estiver presente. Quando a aula for de atividades
tradicionais, ele irá marcar um T. Deste modo, o professor poderá avaliar a
presença de cada aluno nos diferentes tipos de aula, assim como o andamento de
cada aluno, pelos dias cursados.
NOME DO ALUNO AULAS CURSADAS (FREQUÊNCIA DO ALUNO)
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         
                             
                             
                             
                             

         


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12
PARTE 2 – A estrutura da Escola Shãwanawa
2.1. Estrutura da Escola
A Escola Shãwanawa tem dois ciclos do Ensino Fundamental, com duas
etapas em cada ciclo. As duas primeiras etapas têm a duração de dois anos letivos
cada e devem funcionar nas escolas das aldeias. As duas últimas etapas deverão
funcionar em sistema de módulos (serão oito módulos, ao todo) onde os alunos
Shãwanawa de todas as aldeias do rio Bagé deverão estar juntos em uma única aldeia.
 O Ensino Fundamental da Escola Shãwanawa tem a seguinte estrutura:

         Ensino Fundamental – Escola Shãwanawa
1ª Etapa: Ravi ravitsikíya – dois anos letivos
Primeiro Ciclo
2ª Etapa: Ravi ravi vistikeyavo – dois anos letivos

3ª Etapa: Ravi ravi ravi vistiíyavo – quatro módulos
Segundo Ciclo
4ª Etapa: Dxabaiteyavo – quatro módulos











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      Os Módulos do Segundo Ciclo do Ensino Fundamental
1º Módulo 30 dias letivos    
(período integral)
2º Módulo 30 dias letivos    
(período integral)
Pesquisa supervisionada 40 dias letivos
(atividades tradicionais)
3º Módulo  30 dias letivos    
(período integral)
4º Módulo 30 dias letivos  
(período integral)
3ª Etapa:
ravi ravivistiíyavo
Pesquisa supervisionada 40 dias letivos
(atividades tradicionais)
 
5º Módulo 30 dias letivos    
(período integral)
6º Módulo 30 dias letivos    
(período integral)
Pesquisa supervisionada 40 dias letivos
(atividades tradicionais)
7º Módulo  30 dias letivos    
(período integral)
8º Módulo 30 dias letivos    
(período integral)
4ªEtapa:
Mashteyavo
Pesquisa supervisionada 40 dias letivos
(atividades tradicionais)


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Justificativa
As escolas de nossas aldeias funcionam atualmente seguindo a estrutura
do Ensino Fundamental de 5 anos (1ª a 5ª ano) das escolas da cidade. No
entanto, praticamente todas as turmas funcionam de maneira multi-seriada, o que
comprova que o atual modelo não é adequado a nossa realidade.
Até o momento, quase todas as escolas nas nossas aldeias têm
comportado, quando muito, as quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. A
maioria dos professores Shãwanawa não participa do processo de Formação de
Professores Indígenas do Acre – Projeto  realizado pela
Secretaria de Estado de Educação (SEDUC/AC).
 
Por conta disso, alguns estudantes têm ido estudar nas cidades próximas,
para cursarem o Segundo Ciclo ou ficam sem estudar. Esta é uma situação difícil, porque muitos
alunos não contam com as condições adequadas para estudar na cidade (moradia,
alimentação, etc.). Eles não têm o domínio da língua portuguesa e não dispõem
de recursos para se manter na cidade. Além disso, o aprendizado nem sempre é
eficaz, e são significativos os índices de repetência e de evasão escolar.
                                                           
3
 Até o momento, nenhuma escola funciona seguindo o modelo de Ensino Fundamental de nove anos.
4
O projeto teve início em 2010, com previsão de conclusão no ano de 2014, após a
realização de reúniões na aldeia sobre a ideia. Até o momento, porém, faltam iniciar as etapas para a conclusão do Magistério
Indígena. Além disso,quatro dos professores 5 que dão aulas em nossas aldeias hoje em dia, foram
impossibilitados de participar da formação, por não terem cursados o ensino fundamental completo em instituição.


15
O Segundo Ciclo deverá funcionar no Pólo de Educação da aldeia Bom Futuro, em módulos de 30 dias de aula, em período integral. Serão realizados dois
módulos por ano. Além destas aulas, compõem o ano letivo dos alunos do
segundo Ciclo mais quarenta dias de atividades tradicionais, em que cada aluno
escolherá um tema de pesquisa, supervisionado pelos professores do Segundo
Ciclo e pelo professor de sua aldeia, assim que a Escola Peshe Shãwa for construida.
 Os módulos serão ministrados por professores indígenas e não-indígenas
com grau universitário, assessorados pelos professores Coordenador, garantindo uma
qualidade de ensino que realmente atenda as demandas das comunidades. Esta
situação deve ser pensada como uma situação de transição, até o momento em
que os professores de nossas aldeias estejam capacitados e se sintam em
condições reais de assumir o Ensino Fundamental em sua totalidade, atendendo
às expectativas de suas comunidades.
O conteúdo das etapas que compõem o Segundo Ciclo deverá ser
elaborado posteriormente, durante o nosso processo de formação.
Quanto à Educação Infantil, acreditamos que as crianças com menos de
3 anos devem estar em uma creche interna para aprender somente a língua materna e só após aos sete anos livres para visitar a escola na medida de seu interesse e de
acordo com a determinação de sua família. Até esta faixa de idade, a
aprendizagem das crianças em outros espaços da aldeia é essencial e a escola não
pode atrapalhar isso.









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2.2. Calendário escolar
O nosso tempo, o tempo nas aldeias, é diferente. Ele não é rígido, fixo, ele
se dá de acordo com as nossas atividades que são baseadas nas estações do ano.
Sabemos da importância em se conhecer o calendário ocidental e o ano civil, mas
as nossas atividades cotidianas não são orientadas por ele. Fazer um calendário
diferenciado não é apenas “dar nome aos meses em nossa língua materna”. A
escola que queremos deve respeitar as diferentes atividades de nossas aldeias e o
seu tempo. O processo de formação escolar não deve atrapalhar o processo de
formação que se dá no cotidiano das relações familiares.
Desse modo, pensamos um calendário escolar de 160 dias, divididos
do seguinte modo:
- 120 dias em sala de aula.
- 40 dias de participação dos alunos em atividades tradicionais (festas
e outros rituais, caçadas, pescarias e outras atividades), registradas pelo
professor.
Nesta proposta, não importa se é sábado, domingo, dia de semana, feriado,
ou período de férias escolares na cidade. As aulas serão cumpridas pelo professor
obedecendo a uma distribuição de dias que respeite as atividades da aldeia. Essa
distribuição e o horário das aulas devem ser combinados com a comunidade.
Cada escola terá uma tabela afixada na parede em que o professor irá
marcar cada dia de aula dado (em sala ou como atividade tradicional). Assim, o
professor e a comunidade terão o controle sobre o andamento do ano letivo
. Um
modelo da tabela segue abaixo. Nesta tabela os dias letivos em sala de aula serão
anotados com um X e os dias letivos de atividades tradicionais serão anotados
com um T:

5
 Por exemplo, caso o professor viaje para resolver algum problema pessoal, esses dias de viagem não
serão preenchidos; ao seu retorno, ele deverá continuar marcando os dias de aula a partir de onde havia
parado, sem marcar o tempo que ficou fora; desse modo, os alunos não serão prejudicados.


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Tabela de controle do ano letivo
(os dias de reunião com pais, lideranças e alunos estão pintados de azul)

















 No caso das duas etapas que compõem o Segundo Ciclo, será cumprido o
mesmo período letivo, mas dividido de outro jeito, porque será em sistema de
módulos (ao invés de 120 dias de aulas em sala de aula, haverá 60 dias, mas em
período integral, em dois módulos de 30 dias).  



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Justificativa Legal
As diferenças na carga horária e no calendário escolar das escolas
indígenas, em relação às escolas dos não-indígenas são garantidas por lei. Por
isso pensamos este calendário próprio, permitido pela Resolução do Conselho
Nacional de Educação n◦ 3, de 10 de novembro de 1999, que diz:

“Art. 4º – As escolas indígenas, respeitados os preceitos constitucionais e
legais que fundamentam a sua instituição e normas específicas de
funcionamento, editadas pela União e pelos estados, desenvolverão suas
atividades de acordo com o proposto nos respectivos projetos pedagógicos e
regimentos escolares com as seguintes prerrogativas:
I – organização das atividades escolares, independentemente do ano
civil, respeitando o fluxo das atividades econômicas, sociais, culturais e
religiosas;
II – duração diversificada dos períodos escolares, ajustando-as às
condições e às especificidades próprias de cada comunidade.

Art. 5º – A formulação do projeto político pedagógico próprio, por escola
ou por povo indígena terá por base:
I – as Diretrizes Curriculares Nacionais referentes a cada etapa da
Educação Básica;
II – as características próprias das escolas indígenas, em respeito à
especificidade étnico-cultural de cada povo ou comunidade;
III – as realidades sócio-lingüísticas, em cada situação;
IV – os conteúdos curriculares especificamente indígenas e os modos
próprios de constituição do saber e da cultura indígena;
V – a participação da respectiva comunidade ou povo indígena.”


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2.3. Proposta curricular
2.3.1. Conteúdos do Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental
 (1ª Etapa)

Estudos da Linguagem
• Treinar a coordenação motora.
• Conhecer o alfabeto Shãwanawa.
• Identificar vogal e consoante.
• Identificar maiúsculas e minúsculas.
• Formar e identificar sílabas.
• Formar palavras.
• Formar pequenas frases e entender as palavras e pequenas frases.
• Conhecer o alfabeto Shãwanawa (criado pela CPI, Comissão Pró Índio do Acre).
• Contar pequenas histórias em língua Shãwanawa.

Estudos da Matemática
• Estabelecer relações entre pessoas e objetos: maior, menor, grande,
pequeno, mais, menos, etc.
• Contar pequenas quantidades.
• Classificar elementos/objetos.
• Identificar as cores.
• Conhecer os números (1 a 100) e seqüência numérica.


20
• Identificar os números pares e impares.
• Fazer operações de soma simples.
• Conhecer as formas geométricas simples (quadrado, círculo,
triângulo, etc.) e compará-las aos padrões geométricos kene e as formas de
objetos usados no cotidiano (potes e panelas de cerâmica, partes da maloca, etc.).

Estudos da Sociedade e Natureza
• Pensando e representando o espaço da aldeia e seu entorno: roças,
rios, igarapés, lagos, caminhos de caça, aldeias do povo Marubo, aldeias de
outros povos da Terra Indígena (TI) Jaminawa Arara, etc.
• Trabalhar alguns dos conhecimentos do povo Shãwanawa sobre os
animais, as plantas, a roça, além de outros seres, e como eles são classificados.
• Conhecer os povos indígenas que vivem na TI Jaminawa Arara (o
nome de suas aldeias os rios onde vivem).
• Conhecer os principais rios da TI Jaminawa Arara e os limites da
demarcação.
• Saber o nome e a localização das comunidades ribeirinhas e das
cidades do entorno da TI.
• Conhecer os diferentes tipos de lixo que vem da cidade e a poluição
na aldeia; saber os cuidados que se deve ter.
• Saber as doenças trazidas pelo contato com os nawa: suas causas e
formas de prevenção.
• Conhecer as mudanças na alimentação do povo Shãwanawa.
• Conhecer os jogos e brincadeiras do povo Shãwanawa.
• Conhecer os padrões kene e seus significados.


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• Conhecer alguns dos cantos tradicionais do povo Shãwanawa
(conhecimento sobre a mitologia/história do povo Shãwanawa).
• Conhecer os diferentes clãs do povo Marubo.

 (2ª Etapa)

Estudos da Linguagem
• Saber pontuação, parágrafo, acentos, e outras normas da língua
portuguesa.
• Saber ler e interpretar textos na língua portuguesa.
• Saber escrever cartas para os parentes e outros tipos de textos.
• Saber concordância de gênero e número.
• Saber identificar diferentes tipos de texto.
• Compreender textos na língua materna e em português lidos em voz alta pelo professor.
• Saber falar em língua Shãwanawa aquilo que está escrito em português
(traduzir pequenos documentos e outros textos em português para os parentes).
• Saber se comunicar em português nas diferentes situações
cotidianas, na aldeia e na cidade (falar com profissionais de saúde; falar no
comércio).
• Escrever respeitando as margens e linhas do caderno.
• Saber registrar por escrito, na língua Shãwanawa, aquilo que foi
pesquisado com os mais velhos.
• Refletir sobre o uso da língua em diferentes situações (por
exemplo: a língua falada em casa e a língua falada pelos pajés).
• Refletir sobre as diferenças entre a língua escrita e a língua falada.


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Estudos da Matemática
• Conhecer e identificar unidade, dezena e centena.
• Saber fazer a soma de dezenas.
• Saber fazer a subtração simples.
• Saber fazer multiplicação e divisão (o dobro, a metade, a quarta
parte, a terça parte, etc.).
• Resolver problemas envolvendo as quatro operações, a partir de
exemplos do cotidiano.
• Conhecer os algarismos romanos (e a marcação do tempo na
história dos nawa: os séculos).
• O calendário ocidental, dos nawa: dia, semana, mês e ano.
• O relógio: horas, minutos e segundos.
• As formas tradicionais de medida de comprimento e de tempo.
• Introdução às medidas dos nawa com exemplos práticos:
     - medidas de comprimento e o uso de régua ou fita métrica: centímetro
(cm), metro (m), quilômetro (km);
     - medidas de peso: grama (g), quilograma (kg);
     - medida de volume: litro (l).
• Números ordinais (1º, 2º, 3º até 100).
• Reconhecer as cédulas (notas) e moedas do sistema monetário
brasileiro, saber os seus valores e saber fazer trocas simples no comércio (saber o
troco certo, por exemplo).

Estudos da Sociedade e Natureza
• Conhecendo a linguagem dos mapas (Cartografia):


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        - conhecer/perceber diferentes formas de representar o espaço e o
mundo (mapas mentais);
        - conhecer elementos básicos da cartografia dos nawa (legenda,
escala, etc.).
• Conhecer o mapa da T. I.Jaminawa Arara (aldeias, rios, limites de
demarcação, território do povo Shãwanawa e territórios de outros povos).
• Conhecer o mapa do Brasil (regiões, estados e capitais).
• Saber a história do contato com os nawa (Ĩka, Txamikorovo,
caucheiros, peruanos, seringueiros, missionários, FUNAI).
• Saber a história da demarcação da TI Jaminawa Arara (mobilização
das lideranças, movimento indígena e organização de apoio).
• Conhecendo as cidades:
       - saber os nomes das cidades do entorno;
       - saber os órgãos e lugares importantes para o povo Shãwanawa (FUNAI,
FUNASA, CASAI, bancos, restaurantes, polícia, hospital, praças, porto,
ruas, igrejas, etc.);
       - saber sobre o cuidado que se deve ter com bebidas alcoólicas, drogas
e brigas;
       - saber sobre outras cidades (Rio Branco, Brasília e as capitais).
• Aprender alguns conhecimentos iniciais sobre as plantas medicinais e a
medicina Shãwanawa.
• Saber cantos e danças tradicionais do povo Shãwanawa.
• Trabalhar os conhecimentos sobre outras atividades tradicionais
(caçadas, pescarias, roças e outras atividades).
• Conhecer os padrões kene e seus significados.


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• Pesquisar sobre hábitos dos antigos que não temos mais hoje em dia
(tatuagem, adornos corporais, zarabatana, etc.) e outros temas de
pesquisa.

2.4.  Gestão e organização das nossas escolas
As decisões referentes à educação escolar para os Shãwanawa
deverão ser tomadas pelo Conselho de Professores Shãwanawa, formado por
representantes de todas das aldeias e comunidades Shãwanawa desta calha de rio que possuem
escola.
Os temas internos e específicos de cada aldeia serão decididos pela própria
comunidade, em reuniões com os seus professores, lideranças, pais e mães de
alunos.
Os temas relativos à Educação Escolar Shãwanawa serão levados para
reuniões do Conselho. Este Conselho de Professores Shãwanawa escolherá uma
Comissão para realizar o que for acertado no Conselho. Nesse Conselho é que
serão decididas as questões referentes à merenda escolar, aos materiais didáticos
e a todas as questões sobre a gestão de nossas escolas.
Este Conselho de Professores deve se reunir 2 vezes por ano.
Neste Conselho é importante a participação das lideranças Shãwanawa, mesmo daquelas aldeias que não possuem escola.








AUTORIA Shãwanawa - LIDERANÇAS, PROFESSORES E ESTUDANTES


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Região Aldeia
População
aproximada 378
Nome da escola
indígena
Professor Número de alunos Total de alunos
 Rio Bagé, José Wandres Lima da Silva/ Hundu Shãwanawa
35
12
47
14
15
45
43
42

107

13
12
25


51 51

                                                           
6 A população total Shãwanawa no rio Bagé é de aproximadamente 378 pessoas. Nesta tabela não estão computados os dados sobre a população das aldeias sem escola. Todos os dados desta tabela foram levantados durante a “Oficina de Elaboração do Projeto Político Pedagógico das Escolas em uma visita de Hundu em 2010 a aldeia do Rio
Bagé”, realizada pelo sua própria autoria em fevereiro de 2010.


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27
                                                                                                                                                                                                                                                                                           














7 Atualmente o professor  Raimundo Nonato da Silva atua como representante dos professores Shãwanawa na Secretaria Municipal de Assuntos Indígenas de
Marechal Thaumaturgo, motivo pelo qual não está lecionando em sua aldeia.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mito e Cosmologia Jaminawa Arara/Shawanawa


O povo Arara é oriundo da família lingüística Pano. Seu território localiza-se no município de Marechal Thaumaturgo, Ac, com uma população de 378 pessoas, numa área delimitada e demarcada de  28.926 ha. Esse povo se autodenomina Jaminawa Arara e é conhecido também por Shawanawa, Arara, Xawanaúa, Xawaná-wa, Chauã-nau, Ararapina, Ararawa, Araraná, Ararauá e Tachinauá. Sua organização espacial no interior da terra indígena está distribuída em uma aldeia - Sirqueira e tres comunidades, Bom Futuro, Buritizal e São Sebastião. Estes formam grandes conglomerados populacionais com residências nas aldeias e comunidades. Esta forma de ocupação permite maior facilidade para transportar os produtos de primeira necessidade e facilitar no deslocamento até as cidades. Além disso, há também a predominância de fatores culturais e produtivos, bem como diferenças entre grupos, levando-os a permanecerem em aldeias distintas. Mais do que isso, tal distribuição espacial favorece as atividades de subsistência, diminuindo as dificuldades para o transporte de doentes, mas traz a escáces de caça, pesca, prática da coleta e agricultura por viver socialmente juntos para facilitar o convívio grupal.
Segundo a história oral dos Arara e as fontes históricas sobre o Alto Juruá, o contato entre esse povo e os não-índios só ocorreu no início do século XX. Mais precisamente em 1905, período em que estava sendo aberta uma estrada que iria ligar Cocamera, no Tarauacá, a Cruzeiro do Sul. Foi quando Felizardo Cerqueira e Ângelo Ferreira conseguiram, juntamente com índios Yawanawa, Rununawa e Iskunawa, estabelecem contato com os Arara que estavam localizados na região do igarapé Forquilha afluente da margem esquerda do riozinho da Liberdade e estes entraram em contato com os índios do Rio bagé e Riozinho Cruzeiro do Vale. Nesse período, os Arara residiam com os índios Rununawa, sendo todos liderados pelo célebre tuxaua Tescon, que era casado com a filha de um tuxaua Arara.
O padre francês Constantino Tastevin esteve no Alto Juruá, depois de 1912, deixando por escrito relatos da região e dos habitantes nativos. Em tais relatos, Tastevin faz uma distinção entre os Arara do Tauari e os do Forquilha, dando a entender que os Arara estavam divididos em mais de um grupo, ou em diferentes aldeias de um mesmo grupo. Tastevin relata, ainda, as constantes guerras intertribais travadas pelos Arara no início do século XX. Sabe-se que os Arara empreendiam migrações ao longo dos rios Tejo, Bagé, Liberdade e Amahuaca (riozinho Cruzeiro do Vale). Desses deslocamentos ocorreu o combate que resultou na morte de Tescon, em 1914, devido a um conflito com os Arara. Após a morte de Tescon, ocorreram ainda vários conflitos envolvendo o grupo que era liderado por ele, obrigando, assim, os Arara a migrarem para as proximidades dos rios Bajé, Tejo, Gregório e o riozinho Cruzeiro do Vale.
A história, a lembrança dos antigos, têm muita importância para o povo Arara, e as informações relativas a eles, em geral, estão vinculadas às correrias, às guerras intertribais, ao parentesco, à organização social, aos costumes tradicionais, às práticas de secessão e às migrações do grupo por um vasto território. Nem todo são araras , devido às guerras e aos casamentos intertribais que fizeram com que indivíduos de outros povos passassem a fazer parte da Nação Arara.
A região atualmente habitada pelo povo indígena Arara era território dos grupos Pano, desde o período pré-cabralino, mas a partir de meados do século XIX, passou a ser ocupada também por exploradores e comerciantes vindos de Belém, Manaus e centros urbanos localizados ao longo do rio Solimões. Entretanto, a exploração e ocupação efetiva da região do Alto Juruá, ocorreu apenas nas duas últimas décadas do século XIX, após vários embates com os grupos indígenas da região. Nesse período, a região foi povoada principalmente por migrantes oriundos do Nordeste brasileiro. Em fins da última década do século XIX, o Alto Juruá já estava povoado por brasileiros, quando peruanos “caucheiros” ocuparam a região.
Ao longo da segunda metade do século XX, os Arara estiveram sob o jugo dos patrões. No final da década de 1980 ao início da de 1990, muitos Arara migraram para as cidades, principalmente Cruzeiro do Sul, devido às precárias condições de vida na terra indígena. Os longos anos de ocupação por não-índios, fez mudar o antigo padrão de vida dos Arara.
No entanto, mesmo subjugados pelos patrões, a atividade produtiva voltada para a produção da borracha e a dependência do sistema de barracões, os Arara não abandonaram costumes tradicionais como a caça, a pesca, a agricultura e a coleta. Decorrente do processo de colonização, instrumentos novos foram inseridos a essas atividades, como machado, terçado, enxada, espingarda e outros. Com isso, o povo Arara agregou habilidades como o uso de arma de fogo a uma série de conhecimentos tradicionais sobre a floresta e sua fauna, e sobre os modos de como um caçador obter sucesso em sua atividade.
Na produção econômica atual também criam animais destinados ao consumo familiar ou à venda. As atividades de coleta destinam-se à colheita de frutos silvestres para completar alimentação, de produtos medicinais, temperos para os alimentos, óleos vegetais e outros. Cultivam vários tipos de mandioca, milho, banana, mamão, cana-de-açúcar, inhame, cará, feijão, fava branca, arroz, batata-doce, plantas medicinais e temperos.
Os Arara produzem também artesanato que, antes da dominação imposta pelos não-índios, era confeccionado em grande escala, inclusive utensílios domésticos, adornos e armas de caça e pesca. Alguns produtos artesanais como anéis, pulseiras, colares e bolsas de tecido são comercializados . Os igarapés Braço Esquerda e Rio Bagé, são de extrema importância para o bem-estar econômico e cultural dos Arara. Seus afluentes e respectivas cabeceiras coincidem com os limites da terra indígena, região onde são exercidas atividades de caça, pesca, coleta e agricultura.
Os rituais Arara possuem um forte vínculo com a cosmologia, mas são principalmente os mitos que retratam melhor os aspectos cosmológicos do grupo. Os mitos, contados principalmente pelos mais velhos, vêm a ser a forma própria de transmissão do saber do povo. A narrativa dos mitos se dá nas línguas Arara ou em português.
A tradição e o saber Arara dependem da preservação da sua terra, que vem sofrendo constantes invasões por regionais, causando conflitos latifundiários com a caça predatória. Por este motivo se faz Urgentes controle, pois esta é a única forma possível de se garantir a liberdade e o direito de viver desse povo, O Povo Shãwanawa ou Jaminawa Arara, encontra-se na Terra Indígena jaminawa-Arara no Rio Bagé munícipio de Marechal Thaumaturgo este território é reconhecido pelo governo estadual e federal. Esta terra é habitada por 378 pessoas em quatro aldeias do Clã Shawã, que em sua língua significa Arara.
Estes ocupam uma área de 28.926 ha, seu território continua preservado assim como sua cultura.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Visita a Machu Pichu em busca de novos conhecimentos


   HUNU ENTRE CONHECIMENTO DOS INCAS

José Wandres: Em um edital de-2010, UERJ, publica o EDITAL-PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO HUMANA TURMA 2010 - MESTRADO, pensei nos recursos públicos destinados aos povos indígenas do Acre e em Medicina porque era uma área voltada para as questões humanas; outras vezes considerava as medicinas tradicionais especificamente úteis  para o tratamento de algumas doenças que ainda a ciencias tecnológica não tem respostas assim como outras comuns. Porém, quem me incentivou a ir para essa missão foi o meu avó Crispim Duques de Moreira ( Crispim Jaminawa), hoje sepultado em uma antiga aldeia de meu povo chamada de Bananal na terra indígena Jaminawa Arara no Rio Bagé, município de Marechal Thaumaturgo, AC. O saudoso Crispim Jaminawa, um dos responsáveis pela criação da linha Espiritual do Santo Daime no Brasil e no mundo por repassar parte de seu conhecimento para o chamado mestre Irineu Serra, despertou em mim com seus relatos e comentários de dos regionais, mim motivou a ingressar na busca do conhecimento, em 1990. Foi o meu começo quase consciente, pois já avia tomado ayhuasca/ daime ou Tsimbú, com é chamado pelos índios Shawanawa/ Jaminawa Aarara, quando ainda tinha 7 anos de idade. Depois, fui para a cidade estudar o conhecimento fora da tribo e, em 1999, retorno a aldeia para atuar como educador e dar continuidade da busca pela Cura e conhecimento espiritual, o que me trouxe hoje até Machu Pichu. Fiquei muito tempo tentando encontrar algo parecido com os relatos verbais em que Crispim deixou desde (1987 a 2013). Em 2009, houve a transformação do espírito da jibóia. A partir de então comecei a entender um pouco melhor a filosofia espiritual. Isso, despertou-me a ideia pela busca de anciãs curandeiro, com uso de medicinas, rezas e magias. Tive de exercitar-me muito para que o as energias de oponentes críticos não continuassem navegando entre meus caminhos, vivenciei diversas situações confusas por onde passei. A cada crise, um novo aprendizado – elas não são iguais. No contexto geral, são únicas.
A liderança espiritual é uma consequência. Somos líderes em inovação, em relacionamento com colaboradores, e tudo isso faz parte. Hoje, vejo que estamos sempre entre as maiores formas curanderísticas do mundo com o uso de medicinas e magias espirituais para se trabalhar. Foi grande o aprendizado em cada tribo brasileira em que observei os rituais, assim como o também encontrado nas tribos peruanas. Percebi que todos tem um único clã em todo o mundo.
Vi que o, que diferencia alguns dos demais é a primoração de conhecimentos intrínsco que existe em cada um.
Povo do Incá, Hunú, hunú vaké, txai kurané, he he he!
hunú nun inka shawanawa iurá rané, he he he.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ofício

Ofício n° 162/2010
Marechal Thaumaturgo 31 de agosto de 2010


Ao Ministério da Cultura

Aos cuidados do Exmo. Ministro da Cultura Juca Ferreira e Alfredo Manevy (secretário executivo), Américo Córdula, secretário de identidade e diversidade cultural
RE: A construção do Pólo Base de Marechal Thaumaturgo e padronização.



Prezado Sr. Juca Ferreira e Sr. Alfredo Manevy

Vimos por meio deste presente Ofício, Solicitar vosso apoio para a construção do Pólo Base Em Marechal Thaumaturgo. Assim como reiterar nosso compromisso com as populações indígenas do Vale do Juruá em um assunto mas delicado dos seres humanos que é a questão da saúde.

Estamos solicitando ajuda para a construção do pólo Base, porque nos sentimos desvalorizado ao ter acesso aos recursos repassados e serem gastos com a saúde e políticas públicas de nosso município e estado.
O recurso repassado há prefeitura não é suficiente para fazer a construção desta casa que serve como apoio aos indígenas que vêem doentes das aldeias.
Essa casa atenderá cincos etnias que pertencente ao município de Marechal Thaumaturgo que são: Shãwãdawa do Rio Bagé da Terra Indígena Jaminawa-Arara, Huni Kuin do Rio Breú, Kuntanawa do Rio Téjo, Apolima-Arara e Ashaninka do rio Amônea e do Rio Breu.
Queremos que ceda o recurso para essa construção, porque só assim, poderemos sair do aluguel que desde 2007 quando ouvi uma grande alagação, que destruiu tudo na casa aonde funcionava o Pólo que ficamos nesta situação precária e des-humana, sem poder atender as necessidades da população indígenas deste município.


Sem mais a declarar, agradecemos desde já vossa visita toda a sua atenção!

Cordialmente,

José Wandres lima da Silva Francisco Souza Cruz Raimundo Nonato da Silva
Vice Coordenador da OPIRJ Administrador do Pólo Presidente do Conselho municipal
Base de Marechal Thaumaturgo de Marechal Thaumaturgo
-
Vandete Cerqueira Sereno Kaxinawa
Auxiliár administrativo do Pólo BaseDe Marechal Thaumaturgo
Associação do Povo Indígena Jaminawa-Arara
PROJETO RESGATE DAS LÍNGUAS DO TRONCO LINGUÍSTICO PANO

Associação do Povo Indígena Jaminawa-Arara
Marechal Thaumaturgo, agosto de 2010

Sumário
IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE PROPONENTE
NOME DO PROJETO
Resgate das Línguas do Tronco Linguístico Pano
ÓRGÃO/ENTIDADE
Associação do Povo Indígena jaminawa-Arara do Rio Bagé CNPJ:
PARCERIAS
Ministério da Cultura/ Rede Povos da Floresta e ACMA
Termo de Parcerias:
N°. de Processos:
APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
A Associação do Povo Indígena Jaminawa-Arara, criada em
APRESENTAÇÃO DO PROJETO
O Projeto que aqui se apresenta insere-se no âmbito das estratégias comunitárias e globais da Associação do Povo Indígena jaminawa-Arara e da Rede Povos da Floresta - RPF.
A Associação do Povo Indígena Jaminawa-Arara, movimento que reúne lideranças e membros da etnia Shãwãdawa (Arara) para discutir organização e movimentos dos povos Indígenas do Vale do Juruá e demais povos tradicionais brasileiros, dentro e fora de sua aldeia, além de parceiros de outros setores, assim como também da Prefeitura municipal de marechal Thaumaturgodesde, desde de 1998 que vem acompanhando e discutindo assunto relacionado a este tema, apresenta o presente Projeto Revitalização das Línguas do Tronco lingüístico Pano do Vale do Juruá e tem por missão consolidar a construção de Centro educacionais lingüísticos dentro das terras indígenas dos povos que perderam ou quase perderam sua língua materna ou que estão em processo de resgate.
No idealismo de proteger sua cultura lingüística, territórios e biodiversidade, a Associação do povo Indígena jaminawa-Arara, visa fortalecer a gestão cultural, ambiental de áreas indígenas protegidas e seus entorno promovendo um novo papel para as comunidades tradicionais, de forma articulada com as políticas culturais, ambientais, comunicativas e com as agendas de promoção da sustentabilidade das comunidades envolvidas.